Calendário de Eventos Ambientais no Entorno do Parque Estadual do Rio Doce

sábado, 12 de maio de 2012

Rio doce agoniza!


Assoreamento, lixo e esgoto espantam peixes do Rio Doce e causam prejuízos a pescadores da região


Associação defende proposta para proibição da pesca no rio por cinco anos
09 de Maio de 2012
Assoreamento, lixo acumulado e esgoto estão degradando as águas do Rio Doce, em Governador Valadares, Leste de Minas Gerais. A situação espantou as espécies e tem prejudicado os pescadores que dependem da atividade para sustentar suas famílias. Na tentativa de recuperar o manancial e evitar o desaparecimento total das espécies, a Associação dos Pescadores e Amigos do Rio Doce (Apard) propôs que a pesca no rio fosse proibida durante cinco anos.

O projeto impede a atividade no médio Doce, localizado entre as cidades de Ipatinga, no Vale do Aço, e Aimorés, na divisa com o Espírito Santo. Durante os cinco anos da restrição, o rio receberia alevinos de espécies nativas da bacia.

No período de recuperação, de acordo com o presidente da entidade, José Francisco da Silva de Abreu, os pescadores profissionais, que dependem da atividade para sobreviver, receberiam cursos de capacitação para trabalhar com a criação de peixes em tanques de rede, colocados dentro do próprio rio Doce. "Tentaremos, junto ao Ministério da Pesca, que essas pessoas recebam um salário durante determinado tempo, até que os peixes criados nos tanques ganhem tamanho e peso para serem comercializados", explicou. Já os pescadores amadores e esportivos serão orientados a não atuarem no rio.

Segundo a bióloga Cláudia Aparecida Pimenta, da Associação Regional de Proteção Ambiental (Arpa), o desaparecimento das espécies nativas do rio Doce está principalmente relacionado à construção de hidrelétricas, que reduziram as correntezas do manancial, e o crescente despejo de esgoto. "As correntezas tinham a função de diluir a poluição e, consequentemente, garantir melhor oxigenação da água. Além disso, a população das cidades banhados pelo rio aumentou ao longo dos anos e o tratamento dos esgotos não acompanhou o ritmo", afirma.

Pimenta ressalta que, antes de o repovoamento ser feito no rio Doce, uma ampla análise da qualidade da água deveria ser realizada para garantir a sobrevivência das espécies. "É fundamental, por exemplo, saber qual é o pH da água (que indica se ela está ácida ou alcalina). É uma informação que será importante para a adaptação dos alevinos", pontua.

Conforme informações do jornal Hoje em Dia, pesquisadores descobriram que um dos principais afluentes do rio Doce, o rio Piracicaba, estaria contaminado por uma alta concentração de metais pesados, como mercúrio e arsênio. A contaminação seria fruto da mineração desenfreada e sem controle ao longo de décadas, da falta de aterros sanitários e falhas no tratamento de esgoto domiciliar e industrial.

O mercúrio foi encontrado no organismo do peixe conhecido no Vale do Rio Doce como acará, segundo análise dos músculos feita no Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear do Conselho de Energia Nuclear (CDTN/Cnen), em Belo Horizonte. O acará se alimenta de sedimentos do fundo do rio e o mercúrio estava no organismo em concentrações acima do limite tolerável pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária e pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente.

Ainda segundo o jornal, também há registros na região do Rio Doce de pessoas contaminadas ou que passaram mal depois de consumir os peixes ou entrar em contato com a água. Grandes concentrações de mercúrio podem provocar lesões cerebrais. No caso do arsênio, o risco é de câncer de pele.

O mercúrio pode aparecer nos rios por meio de lâmpadas fluorescentes e baterias de telefones celulares, jogadas em locais inapropriados - uma realidade que acontece em praticamente todos os municípios na bacia do rio Piracicaba. Já o arsênio estaria ligado à atuação de mineradoras.

Em Governador Valadares, uma das principais cidades da bacia do rio Doce, a promessa é de que todo o esgoto lançado diariamente no manancial (cerca de 700 litros por segundo) passe a ser totalmente tratado até o fim deste ano. Para isso acontecer, projetos de duas Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) devem receber os rejeitos. A obra está orçada em R$90 milhões e as obras estão em fase de conclusão.

A proposta da proibição da pesca no Rio Doce deve ser levada à Câmara dos Deputados ainda este ano.

Fonte Amda.

Nenhum comentário:

Postar um comentário